Os oposicionistas da UDD (Frente Unida pela Democracia contra a Ditadura, na sigla em tailandês), liderados por Weng Tojirakarn, Jaran Ditthapichai e Korkaew Phikulthong, levaram uma carta endereçada ao secretário-geral Ban Ki-moon ao escritório da Organização das Nações Unidas em Bangcoc, dizendo tratar-se de um “pedido urgente” de intervenção internacional.
Os manifestantes estão acampados há seis semanas na capital e exigem que o governo dissolva o Parlamento e convoque eleições diretas, pois afirmam que a eleição do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, por voto parlamentar, não foi legal.
Nesta quinta-feira, uma série de explosões aparentemente coordenadas deixou dezenas de feridos no centro de Bangcoc, onde estão acampados os manifestantes.
Os oposicionistas disseram não ser os responsáveis pelas explosões, que parecem ter sido causadas por granadas.
Choque
Segundo os membros da UDD, a intervenção da ONU seria necessária para evitar que choques entre os oposicionistas e tropas do governo causem mais mortes.
“Em nome dos tailandeses, nós estamos fazendo um pedido urgente de intervenção às Nações Unidas para prevenir a iminente opressão militar de apoiadores que se manifestam pacificamente em Bangcoc”, diz o documento da UDD.
O coronel Sansern Kaewkamnerd, porta-voz das Forças Armadas tailandesas, disse que o pedido era descabido. “Trata-se de uma questão doméstica”, afirmou.
No dia 10 de abril, 25 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas depois que o Exército tentou remover, à força, milhares de “camisas vermelhas” do centro da capital.
O governo inicialmente negou que tivesse atirado contra os manifestantes.
Na última terça-feira, no entanto, as autoridades do país anunciaram que, a partir de agora, irão adotar uma linha mais severa para acabar com o impasse político que já dura um mês e meio.
Tensão
Os manifestantes seguem aquartelados no principal distrito comercial de Bangcoc e o Exército avisou que tentará em breve removê-los e não descarta utilizar munição pesada para isso.
“Precisamos utilizar armas para lidar com eles de forma decisiva”, disse à imprensa, na terça-feira, o coronel Sansern Kaewkamnerd.
“O governo agirá com decisão, mas o começo da operação poderá ser um caos”, disse Kaewkamnerd.
Na noite de quarta-feira, manifestantes “camisas vermelhas” e grupos que apoiam o governo entraram em confronto na área de Silom, no distrito financeiro de Bangcoc.
Ambos os lados trocaram ameaças e ofensas e jogaram objetos uns nos outros. O incidente não deixou mortos, mas é sintoma da tensão crescente na capital.
Cerca de dez mil soldados estão de prontidão em Silom para evitar que os manifestantes invadam prédios e escritórios no distrito financeiro.
Negociação
Apesar da crescente tensão, o governo ainda tenta negociar uma saída pacífica para a situação.
O primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, e o comandante das Forças Armadas, Anupong Paojinda, disseram que gostariam de conversar com os oposicionistas para encontrar uma solução sem violência ao impasse.
Duas rodadas de negociações fracassaram e agora os líderes da UDD argumentam que não há clima para sentar à mesa.
“Quando há armas apontadas para as nossas cabeças, nós não conseguimos conversar”, disse Weng Tojirakarn.
O grupo contrário aos “camisas vermelhas”, a Aliança Popular pela Democracia (PAD, na sigla em inglês), também conhecido como “camisas amarelas”, deu um ultimato ao governo exigindo que os manifestantes da UDD sejam retirados da capital até o próximo domingo.
Caso contrário, os militantes do PAD prometeram sair às ruas para protestar também.
Queda de braço
A queda de braço entre “vermelhos” e “amarelos” se prolonga desde 2006, quando o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra foi deposto por um golpe de estado.
Thaksin Shinawatra era apoiado pela UDD, mas caiu sob a acusação de corrupção e conflito de interesses.
Em 2008, quando aliados dele retornaram ao poder, manifestantes “amarelos” foram às ruas.
O embate ocorrido na época resultou no fechamento do aeroporto internacional de Bancoc e muito prejuízo para a indústria do turismo na Tailândia.
Em março último, Thaksin Shinawatra foi condenado à revelia por corrupção e conflito de interesses. O governo apreendeu US$ 1,4 bilhões de sua fortuna, estimada em US$2,3 bilhões.
Atualmente, Thaksin Shinawatra vive exilado em Dubai.